A Professora Raquel Rigotto e outros professores da UFC receberam a incumbência de realizarem com a colaboração da mestranda em saúde pública da UFC, Islene Rosa, um estudo técnico atendendo a solicitação do Ministério Público Estadual a UFC para que fosse indicado, ou não qualquer nível de poluição emitido pela NUFARM. ou AGRIPEC na época, só muda o nome a poluição é a mesma. Esta solicitação foi resultado de constante reclamações de moradores que residem próximo a fonte poluidora.
Depois de rigorosos estudos feitos pela equipe da renomada Professora Raquel Rigotto por uma Comissão Multidisciplinar um relatório foi entregue ao Reitor da UFC que encaminhou ao Ministério Público.
O relatório comprovou que o forte mau cheiro sentido pela comunidade se constituía pela presença de contaminantes na matéria prima metamidofós e 30% de outros ingredientes ou impurezas. Entre essas impurezas estão o dimetil dissulfeto e o dimetil sulfato, em concentrações relevantes para considerá-los potencialmente perigosos, isto é, superior a 1%. Durante todo o processo de formulação e uso do produto contendo metamidofós há emissão destes vapores e, conseqüentemente, exposição por inalação, tanto pelos trabalhadores como pela população no entorno da fábrica.
O relatório é bem completo e destaca que de acordo com o Programa Internacional de Segurança Química (IPCS, 2008), que o dimetil sulfato em exposição de curta duração, causa a corrosão ou irritação do trato respiratório, da pele e dos olhos. E também pode causar câncer, tendo sido classificado pela IARC – Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer/OMS – como sendo um agente provavelmente carcinogênico – categoria 2A, porque há evidências suficientes de efeitos cancerígenos em estudos experimentais com animais (IARC, 1999). Ainda podemos destaca a presença dos seguintes contaminantes: dimetil dissulfeto ; dimetil sulfato e dimetil dissulfeto; dimetil sulfato, dimetil dissulfeto; metamidofós; enxofre entre outros.
O Relatório aponta que as queixas da comunidade são procedentes e tem relação com as atividades da NUFARM, em particular o processo de formulação do produto contendo metamidofós. E também que o órgão Ambiental de Maracanaú nunca considerou a existência de tais produtos, e as ações preventivas adequadas não foram adotadas, repercutindo em mais de uma década de exposição da população de Maracanaú.
Depois do estudo apresentado pela Comissão Multidisciplinar chefiado pela Professora Raquel Rigotto (UFC) a empresa Agripec/Nufarm, localizada em Maracanaú faz uma tentativa de intimidação e criminalização através de notificação e interpelação extrajudicial por parte da industria química de agrotóxicos, Ceará, Nordeste do Brasil, às pesquisadoras Raquel Maria Rigotto e Islene Ferreira Rosa do Núcleo TRAMAS – Trabalho, Meio Ambiente e Saúde para Sustentabilidade do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC). Tentativa essa que foi repudiada pelo Centro Brasileiro de Estudo e Saúde (CEBES) através de uma nota de repúdio.
Um pouco de Raquel Rigotto Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (1979), especialista em Medicina do Trabalho pela Fundacentro (1980), mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (1992) e doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (2004). Atualmente é professora adjunto do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, onde desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão na área de Saúde Coletiva, com ênfase nos temas: desenvolvimento, saúde ambiental e saúde do trabalhador. Sua linha de pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da UFC é Produção, Ambiente, Saúde e Cultura no Nordeste Brasileiro. Através do Núcleo TRAMAS - Trabalho, Meio Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade, por ela coordenado, concluiu quatro projetos de pesquisa, todos apoiados pelo CNPq. Atualmente conduz investigação sobre a agrotóxicos, ambiente e saúde, no contexto da modernização agrícola no Ceará. Participa do GT Saúde e Ambiente da Abrasco, da Associação Brasileira de Estudos sobre o Trabalho - ABET, e da Rede Brasileira de Justiça Ambiental. Foi Conselheira Titular do Conselho Nacional de Saúde, onde representou o Fórum Brasileiro de ONG e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento - FBOMS (2007-2009).
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